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quinta-feira, janeiro 31, 2008

Portfolio do aluno

No início do portfólio podemos pedir que o aluno coloque seu nome, sua foto, ou desenho e uma apresentação, que pode ser uma pequena produção escrita, um desenho, uma música, um poema, enfim, algo com que ele se identifique e que considere que poderia representar o que pensa e sente.
Como o portfólio mostra a construção de aprendizagem do aluno, acaba por apresentar também sua formação como ser humano. Essa construção, portanto, é lenta, como a de todo o desenvolvimento do aluno, não se fazendo do dia para a noite, nem estando pronta ou acabada ao final de um ano.
Alguns registros mudarão com o tempo e é importante que os antigos não se percam, não sejam substituídos pelos novos, pois o novo só existe porque houve reflexão sobre o antigo, que não pode, contudo, ser desconsiderado. Deixamos algumas folhas em branco, sucessivas a apresentação, no início do caderno, para que esses novos registros pudessem ser feitos.Fizemos mesmo em caderno, não em pasta.
É recomendável, além de considerar o poder aquisitivo dos alunos, que se converse com os pais e também com a pedagoga da escola. Faça a sua proposta de trabalho por escrito, discuta com eles e peça para que avaliem também por escrito. Anexe a avaliação em seu portfólio (o do professor).
Após a apresentação podem ser colocados dados pessoais da criança, o que auxiliará também na construção de sua identidade. Pode-se colocar o número do sapato, o peso, a altura (que mudarão durante o ano e podem ser registradas novamente – para isso fizemos uma tabela), nome dos pais, cor que mais gostam, brinquedo e comida favoritos, o amigo com quem mais gostam de brincar, o local onde moram (endereço completo), o desenho da casa em uma folha, da rua em outra, o vizinho preferido e colocar o nome dele, dentre outras tantas coisas.
O portfólio auxilia no trabalho com a interdisciplinaridade. Ele é uma forma de avaliar, portanto, antes de pedir para que o aluno escreva o nome, se desenhe, desenhe sua casa, sua rua, seu vizinho, escolhendo o que mais gosta, você precisa trabalhar isso com ele, seja na oralidade ou na escrita.A criança não precisa fazer seus registro direto no caderno. Pode fazer atividades em uma folha e depois colar.
Isso facilitará a compreensão do aluno de que qualquer atividade que considerarem interessante poderá ser anexada no portfólio, ilustrando ainda mais a concepção de construção que o mesmo oportuniza.
Se, em sala, escolhessem alguma atividade para compor o portfólio precisavam escrever ( o que podia ser feito em casa, com ajuda da família ou em sala, com ou sem o meu auxílio ou dos colegas), o porquê que selecionaram aquela atividade, se colocavam por exemplo que era porque tinha gostado, tinham que explicar o motivo. Assim começavam as primeiras reflexões escritas.
No início eu colava as atividades para todos os alunos, por serem pequenos e se mostrarem dependentes. Ia de carteira em carteira, mostrando como se usava a cola, como se fazia a margem, como que eles poderiam cuidar do caderno. Depois eles foram fazendo sozinhos, primeiro com algumas intervenções necessárias, depois, já independentes, eles próprios pediam as orientações que sentiam necessidade.
É percebido, na construção da autonomia, uma relutância de alguns professores, que consideram seus alunos “vazios” de saberes e portanto sentem-se responsáveis por todos os seus atos, como se os pequenos fossem incapazes de caminhar. Claro que a orientação se faz necessária e até alguma intervenção, mas não a ponto de anular a criança como sujeito.Avisei-os antes sobre o que seria aquele caderno, para quê ele iria servir e que poderíamos mostrá-lo para os pais.
Perguntei como eles queriam que os pais vissem o caderno e como a resposta foi um sonoro “BONITO!”, conversamos sobre os cuidados que precisaríamos ter com ele, como estar com as mãos limpas para usá-lo, não deixá-lo sujar, amassar, rasgar, e que precisaria ser e permanecer encapado.
O caderno não ia para casa, entreguei-o apenas no final do ano.São constituintes do portfólio as atividades diagnósticas e avaliativas. Trabalhavamos por exemplo, as vogais, então fazíamos uma atividade sobre elas.
Antes da atividade eu dialogava com as crianças sobre o que estávamos estudando e fazendo, construíamos um texto coletivo e então colávamos um pedaço de papel que explicava o porquê da atividade, o que seria importante para quando os pais fossem olhar e para que nós mesmos víssemos como estávamos aprendendo e mudando constantemente. Por exemplo, “COM ESSA ATIVIDADE AVALIAMOS SE SABEMOS ESCREVER AS VOGAIS, SE CONHECEMOS OS SEUS SONS. AVALIAMOS SE APRENDEMOS A COLORIR BEM BONITO, RESPEITANDO O LIMITE DO DESENHO. TAMBÉM AVALIAMOS SE APRENDEMOS A ESCREVER NOSSO NOME COMPLETO, CONTANDO QUANTAS LETRAS ELE TEM, COM QUAL LETRA ELE COMEÇA E COM QUAL ELE TERMINA.
Às vezes eu digitava o texto e xerocava para que eles colassem no portfólio, outras, escrevia nos cadernos, por fim eles mesmos copiavam do caderno de sala, o que fazia mais sentido diante da proposta de trabalho. Sempre fazíamos as correções antes que colassem a cópia do texto produzido.
Eu corrigia as atividades e, antes de entregar para que colassem, chamava os que tinham tido dificuldades, perguntava se já sabiam o que tinha que ter feito ou lia para eles (para os que não conseguiam ainda ler) o que eles precisavam ter feito e questionava o que precisaria ser feito e como fariam.
Anotava no meu portfólio os nomes dos alunos que ainda precisavam rever o que foi estudado e o comentário deles, para refletir quais seriam as intervenções necessárias e como seriam feitas.
Continuava com a matéria, retomando as atividades que ficaram sem ser compreendidas por algumas crianças, de um outro modo, usando de uma didática diferente. Dava novamente uma atividade avaliativa daquele conteúdo. Às vezes outra, às vezes a mesma.
Só os alunos que tiveram dificuldade com a primeira é que a colavam no portfólio, os outros colavam no caderno de sala, mas todos faziam, assim não havia distinção entre eles e os que já tinham aprendido ajudavam os colegas com segurança, pois já sabiam fazer.
Havia também a possibilidade de avaliar se o conteúdo foi mesmo apreendido por eles, visto que era apresentado de formas diferentes.As atividades contínuas auxiliaram muito nas reuniões de pais. A maioria parou de comparar o filho com o da vizinha ou da prima rica e começaram a comparar a criança com ela mesma.
O portfólio deixa claro o processo de aprendizagem do aluno. Os pais quando percebem isso, ficam gratos, além de acreditarem nas competências dos próprios filhos. Houve pai que chorou ao ver como o filho tinha se desenvolvido. Eles podem observar tudo e se não observam sozinhos eu mesma mostro, chamando-lhes atenção para os mínimos detalhes, a letra, o traço da margem, o uso da cola e sobretudo para as atividades feitas.
Não é só uma questão de saber a matéria, mas de aprender a ser autônomo, a ter criticidade, ser autêntico, organizado, cuidadoso, caprichoso, respeitar a sua própria produção e a do outro, considerando-as como um processo, que tem apenas início, nunca estando pronto ou acabado. Os pais olharam tudo e fizeram uma avaliação por escrito no portfólio.A pedagoga olhava o portfólio com mais freqüência que os pais e fazia anotações que considerasse pertinentes.
É muito importante que ela não faça apenas observações sobre o que precisa melhorar, mas que elogie os avanços, reconhecendo os sucessos que eles alcançaram e os que são capazes de alcançar. Por menor que seja o crescimento da criança aos nossos olhos sabemos que ele foi fruto de muito esforço e dedicação por parte dela e ela precisa saber que reconhecemos isso.
Como professora também fazia anotações para eles.Se alguma atividade da criança for importante para registro em seu portfólio peça à ela para xerocopiar e respeite sua autoria.

1 comentários:

RECOMEÇAR SEMPRE disse...

Adorei essa idéia.
BJINHUXXXXXXXXX